As cenas de dependentes químicos usando crack nas grandes cidades do Brasil são assustadoras. Esse é um vício que destrói muitas famílias e vidas. Por isso, hoje veremos como acontece o tratamento de crack.
De acordo com os especialistas, a solução para as cracolândias que se formam nos centros urbanos não é milagrosa. Esse é um processo que precisa ser debatido e encarado de maneira séria para que tenhamos chances de resolvê-lo e não apenas escondê-lo.
A abordagem com os usuários também não deve ser feita pela perspectiva criminal. O vício é uma doença mental catalogada e que pode atingir qualquer pessoa em qualquer faixa etária, independentemente da sua classe social ou raça.
Porém, é claro que fatores sócio econômicos estão intimamente relacionados com o problema. A droga é, muitas vezes, vista como uma fuga da realidade precária, injusta e traumática que muitas pessoas vivem, fruto da desigualdade social.
Contudo, o poder viciante do crack é tão grande que o indivíduo acaba caindo em uma armadilha da qual é dificílimo se desvencilhar. O efeito da droga é rápido, intenso e em poucos minutos vem o desejo por mais uma dose. O pior de tudo é que a “pedra” é barata. Essa combinação de fatores configura o pontapé inicial do ciclo vicioso.
Para sair dele, é preciso usar procedimentos técnicos baseados em abordagens psicossociais e médicas. A internação é a metodologia mais eficiente, sempre que possível com o apoio da família.
Além do mais, a OMS orienta que o poder público encare essa situação com firmeza e compromisso, realizando a prevenção e oferecendo leitos gratuitos para a reabilitação dos pacientes. Algo que, infelizmente, não temos visto no nosso país.
O crack tem um poder de deterioração imenso no sistema nervoso central. Ele é uma droga que estimula o usuário da mesma forma que as anfetaminas. Além disso, também causa lesões no sistema respiratório e até mesmo nas mãos, na boca e nos dentes dos dependentes.
Para um tratamento que funcione contra o uso de crack, é preciso respeitar diversas etapas. Elas devem ser conduzidas por profissionais de diferentes áreas.
As principais etapas são:
Diagnóstico e desintoxicação
Uma análise do estado de saúde do paciente é a primeira medida tomada para começar o tratamento de crack. Com essa avaliação inicial, é possível dar início à desintoxicação com mais segurança e usando os medicamentos adequados.
Vale lembrar que a internação nem sempre ocorre de maneira voluntária. Se não for possível negociar o consentimento, é preciso considerar a demanda por uma internação involuntária ou compulsória.
A segunda fase do tratamento de crack leva de 3 a 6 meses pelo menos. Ela é caracterizada pela internação em clínica com cuidados múltiplos, principalmente com suporte psiquiátrico, psicossocial, ocupacional, nutricional, entre outros).
Já que o poder público não oferece o número adequado de leitos, a rede privada tem suprido essa demanda.
Após a alta do paciente, também é preciso um acompanhamento periódico em consultas e grupos de apoio. As estratégias a longo prazo ajudam a minimizar as chances de recaídas.